A economia da atenção na era da dispersão

Vivemos a era da dispersão, momento em que a atenção se tornou recurso escasso e, por isso, extremamente valioso.

O conceito de economia da atenção, nasceu na década de 1970, junto com a popularização da TV e o crescimento do uso de publicidade em revistas, rádios e na TV. O termo foi criado pelo economista e psicólogo Herbert Simon que já afirmava que: “uma riqueza de informações cria uma pobreza de atenção”

Hoje, na era da dispersão: empresas, marcas, plataformas digitais, redes sociais, influenciadores etc, competem entre si por fragmentos da nossa atenção, usando estratégias cada vez mais refinadas para capturar, reter e monetizar esse recurso – nossa atenção.

Essas estratégias não são meramente superficiais: mergulham no funcionamento emocional e cognitivo do cérebro humano, explorando gatilhos, estímulos e vieses para nos influenciar. Para que compremos produtos, acreditemos em ideias, permaneçamos conectados e consumindo cada vez mais conteúdo.

O neuromarketing e a dopamina

Desde que o conceito de marketing foi criado que o objetivo é explorar recursos emocionais para atrair a atenção e o interesse de potenciais consumidores.

Com o avanço da neurociência, o neuromarketing ganha informações e recursos para acessar a atenção do consumidor em nível inconsciente. Explorando estímulos visuais, auditivos e emocionais que ativam circuitos cerebrais ligados ao prazer, à motivação e à tomada de decisão.

E o neurotransmissor mais estimulado é a dopamina. Associado à expectativa de recompensa, estimula-se o “querer” mais do que o simples prazer.

E quando há muitos estímulos imediatos de recompensa (a hiperestimulação dopaminérgica), o cérebro se acostuma com esse patamar elevado de dopamina, tornando o indivíduo menos tolerante a estados de tédio ou espera. E a consequência, é a busca constante por estímulos mais fortes e mais frequentes.

Dispersão, sobrecarga informativa, distração contínua

Nossa vida está cada vez mais cheia de distrações: múltiplas telas, excesso de informações, redes sociais, notificações vindas de diversos aplicativos e conteúdo que se renova a cada instante. Esse bombardeio informacional está diminuindo nossa capacidade de foco sustentado e nossa presença no agora.

Com isso, muitas vezes não conseguimos concentrar no trabalho, deixamos várias tarefas incompletas, procrastinamos e somos menos eficientes.

Os prejuízos causados à saúde física e mental, à vida pessoal e profissional

A hiperestimulação dopaminérgica, a longa exposição a luminosidade das telas e o excesso de informações, não prejudicam apenas a nossa capacidade de foco, mas influenciam diretamente nossa saúde.

Abaixo, eu listo alguns dos problemas e/ou sintomas para que você tome conhecimento e possa avaliar como a economia da atenção vem influenciando a sua vida:

  • Aumento da ansiedade, estresse e irritabilidade;
  • Dificuldade de concentração e memória;
  • Perda da qualidade de sono, insônia e sensação de cansaço contínuo;
  • Procrastinação;
  • Sensação de vazio ou angústia;
  • Pré-disposição para vícios comportamentais (como a necessidade de estar sempre acessando redes sociais ou a espera constante por qualquer notificação no celular, por exemplo);
  • Isolamento social e menor paciência ou empatia ao lidar com as pessoas do seu convívio pessoal ou profissional.

Caminhos de reversão

Felizmente, ao compreendermos o quanto estamos sendo prejudicados e até dominados por esse “sistema”, é possível optar pela mudança de hábitos e há caminhos com respaldo científico para aliviar esses prejuízos, viver com mais equilíbrio e usar todos esses recursos tecnológicos de forma mais consciente.

Comece fazendo uma autoanalise da sua rotina e hábitos diários.

Em seguida, faça pequenas mudanças que você consiga sustentá-las à longo prazo: você pode passar a controlar o tempo de uso das redes sociais, diminuir a luminosidade das telas, desabilitar as notificações desnecessárias, desligar o celular durante o trabalho ou nos momentos que precisa de mais concentração e não buscar “distração” em redes sociais, nos seus momentos de descanso procure descansar a sua mente.

Acompanhamento terapêutico

É possível que você ou alguém próximo a você já encontre-se em um estágio avançado de ansiedade, talvez até em um estágio depressivo ou de vício comportamental e que não consiga fazer as mudanças necessárias sozinho.

Nesse momento o ideal é buscar ajuda profissional. A terapia oferece suporte para entender e identificar padrões comportamentais prejudiciais que se tornaram automáticos.

Com técnicas baseadas na neurociência do comportamento, é possível aprender a gerenciar melhor o tempo, regular emoções e reconstruir hábitos saudáveis.

Outro recurso que vem sendo um importante aliado na recuperação e aprimoramento da capacidade de foco e na manutenção da saúde mental e do bem-estar é a prática do mindfulness, ou da atenção plena.

Tem uma matéria aqui no site sobre Mindfulness (clique aqui para acessar: suaterapeuta.site/mindfulness), e também trarei nos próximos dias uma matéria mais completa com pesquisas e estudos sobre como o mindfulness tem alcançado resultados relevantes no tratamento de transtornos de ansiedade e de depressão.

Para finalizar..

A era da dispersão revela um desafio moderno: precisamos aprender a proteger nossa atenção, nossa capacidade de foco, nossa saúde mental e física.

Através do conhecimento em neuromarketing, plataformas, redes sociais e a mídia em geral, exploram premissas profundas do funcionamento cerebral para prender nossa mente. E quando não estamos atentos a isso, corremos riscos de sobrecarga, transtornos e dependência comportamental.

Mas há esperança: através da mudança de hábitos, de terapia e da prática de atenção plena podemos recuperar o equilíbrio.

Se você sente que está sempre distraído, ansioso e que não consegue desligar, eu posso te ajudar.

Como terapeuta, ofereço acompanhamento individualizado para avaliar suas necessidades, trabalhar suas dificuldades cognitivas e emocionais, e guiar você na incorporação da atenção plena de modo consistente.

Juntos podemos mapear gatilhos, estabelecer práticas que se encaixem no seu dia a dia e restaurar mais presença, calma e clareza mental para que você tenha mais capacidade de foco, menos ansiedade e viva com mais satisfação.